quinta-feira, 27 de outubro de 2011

" O Fogo e as Cinzas", Manuel da Fonseca

O livro “O Fogo e as Cinzas”, de Manuel da Fonseca aborda um conto que nos fala de um homem  que todos tratavam por Sr. Portela – a personagem principal – que se debate entre um amor que gostava de ter vivido e uma velhice solitária.
Este conto, movimenta-se desde do início até ao fim com uma história entre o passado e o presente, daí ser utilizado o recurso expressivo analepse.
Os sentimentos mais presentes neste texto são: a saudade, a nostalgia, a melancolia e uma mágoa profunda. Estes são sentidos essencialmente pela personagem principal.
O conto fala de uma realidade que ainda hoje é actual e embora se tente travar, torna-se impossível; refiro-me ao primeiro capítulo do livro “O Largo”, que nos retrata o Largo – um local cheio de vida, onde tudo acontecia: brigas, brincadeiras, boatos, … – que era o centro do mundo para quem habitava ali. Mas com a vinda do comboio, a agitação mudou-se para a Vila. Toda aquela vida do Largo desaparece, até ficar com a população reduzida aos velhos reformados.
Depois do autor nos situar no espaço, a história desenrola-se nas lembranças dos seus amigos: Mestre Poupa, um bombeiro já falecido e André Juliano, que cumpre uma pena de prisão; do seu amor não correspondido, Antoninha das Dores, da qual guarda a imagem desta, acabada de ser salva de um incêndio, nos braços de Chico Biló despida; entre outras lamúrias.
A maioria destas recordações são passadas num café da Vila, onde todos os dias – sendo já como uma rotina – o Sr. Portela vai e toma um café enquanto fuma os seus cigarros.
Escolhi ler este livro, porque de início estava um pouco perdida sobre qual o critério de escolha que deveria ter e optei por fazer a selecção dos títulos mais apelativos, lendo de seguida a sinopse do mesmo e lendo também a página final. Depois deste processo, escolhi o livro em cima apresentado: “O Fogo e as Cinzas”.
Não gostei muito deste conto, pois as repetidas vezes em que o autor descreve actos do passado e do presente da vida da personagem principal, faz com que o livro se torne confuso e a história perca nexo. Apesar deste incidente, consegui retirar do conto uma citação  que aprecio e destaco: “Nunca a sentira tão feminina e frágil, tão necessitada e sem amparo, da sua imensa força. E, baixando a cabeça, de lábios estendidos, António da Alba Grande procurou a boca da rapariga.”. Esta citação decorre quando António da Alba – um das personagens secundárias do conto – tem que escolher qual das duas gosta mais,  Adriana, uma rapariga de classe alta ou Zabela, uma rapariga de classe baixa, que aos olhos de Adriana era uma reles empregada.

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