Sobre Folhas Caídas
O
amor vivido.
É neste livro que Garrett atinge
o fastígio do lirismo. Amava agora, como só sabe amar um homem maduro que se
apaixona violentamente. A Viscondessa da Luz, D. Rosa de Montufar, obrigou o
poeta a semear nestas poesias «luzes» e «rosas» a granel. Foi a sua principal
inspiradora, porque há outras. Com elas entretém Garrett um diálogo vivo, cheio
de realismo, muito embora só ouçamos a sua voz, como só se ouve a de Aires
Rosado numa cena da conhecida peça de Gil Vicente Quem tem Farelos?. Mas não nos é difícil, contudo, adivinhar o que
elas lhe responderiam. Garrett cantou em Folhas
Caídas o amor que viveu e como o viveu.
Amor
intenso.
Este amor que se identifica com a
mesma vida, é em Garrett vulcânico, tempestuoso, intenso, tão intenso que faz
sofrer, que quase mata, que é capaz de o atirar até para os profundos do
Inferno.
Amor
carnal.
Garrett, em Folhas Caídas, ama com a alma e com o corpo, com os olhos, com os
ouvidos, com os sentidos todos. Sem preconceitos, ultrapassa os idealismos
petrarquistas e, se não ignora a mulher
anjo, conhece muito mais a mulher
mulher.
Estávamos habituados a que os
poetas analisassem os efeitos do amor na alma. A fenomenologia da paixão
amorosa repercutida nos sentidos foi Garrett o primeiro que a cantou a valer.
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