sábado, 13 de outubro de 2012

Almeida Garrett


Sobre Folhas Caídas
O amor vivido.
É neste livro que Garrett atinge o fastígio do lirismo. Amava agora, como só sabe amar um homem maduro que se apaixona violentamente. A Viscondessa da Luz, D. Rosa de Montufar, obrigou o poeta a semear nestas poesias «luzes» e «rosas» a granel. Foi a sua principal inspiradora, porque há outras. Com elas entretém Garrett um diálogo vivo, cheio de realismo, muito embora só ouçamos a sua voz, como só se ouve a de Aires Rosado numa cena da conhecida peça de Gil Vicente Quem tem Farelos?. Mas não nos é difícil, contudo, adivinhar o que elas lhe responderiam. Garrett cantou em Folhas Caídas o amor que viveu e como o viveu.

Amor intenso.
Este amor que se identifica com a mesma vida, é em Garrett vulcânico, tempestuoso, intenso, tão intenso que faz sofrer, que quase mata, que é capaz de o atirar até para os profundos do Inferno.

Amor carnal.
Garrett, em Folhas Caídas, ama com a alma e com o corpo, com os olhos, com os ouvidos, com os sentidos todos. Sem preconceitos, ultrapassa os idealismos petrarquistas e, se não ignora a mulher anjo, conhece muito mais a mulher mulher.
Estávamos habituados a que os poetas analisassem os efeitos do amor na alma. A fenomenologia da paixão amorosa repercutida nos sentidos foi Garrett o primeiro que a cantou a valer.

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