terça-feira, 12 de junho de 2012

Orgulho e Preconceito, Jane Austen

Orgulho e Preconceito é o romance mais popular da autora. Esta narrativa decorre no século XIX, na Inglaterra (rural), apresenta uma escrita bastante formal.
A história fala sobre a família Bennet que vive numa quinta em Loungbourn e é constituída pelo Sr e a Sra Bennet e as suas cinco filhas: Jane, Elizabeth (Lizzy), Mary, Catherine (Kitty) e Lydia. Sra Bennet, a mãe das raparigas quer muito que estas se casem antes da morte do Sr Bennet devido à herança do local onde vivem.
A personagem principal, Elizabeth, está decidida a não seguir estas regras e a não se casar a menos que se depare com o verdadeiro amor. Esta rapariga é caracterizada como uma rapariga diferente das outras pois acaba por contornar aquilo que lhe é imposto e é ela mesma que dá um rumo à sua vida, é independente.
Entretanto chega a Loungbourn um rapaz inglês, citadino e rico, Sr Bingley, que se encontra solteiro e por este motivo a mãe das raparigas vê desde logo nele uma possibilidade de este casar com qualquer uma das suas filhas.
É organizado um baile -pelas pessoas deste local- de boas vindas. No baile Bingley espanta-se desde logo com a beleza de Jane, a irmã mais velha da família Bennet e estes acabam por dançar algumas vezes.
O rapaz não vai ao baile sozinho mas sim acompanhado pelas suas irmãs e o seu amigo Darcy.
Darcy tal como Bingley é um rapaz inglês citadino, rico e solteiro. No entanto ao contrário do seu amigo, este não é nada simpático e afável. Lizzy ouve uma conversa entre eles onde Bingley insiste para que o seu amigo dance com Lizzy e este afirma que esta não é "bonita o suficiente". Após ouvir algo como isto Lizzy fica a odiar o rapaz.
Mais tarde torna a haver um baile onde Darcy acaba por convidar Lizzy para dançar e esta, ainda um pouco contra a sua vontade aceita mas responde-lhe de uma forma bastante desprezível. Ambos acabam por se "entrelaçar" no silêncio das palavras.
Jane e Bingley apaixonam-se, o que tudo indica uma proposta de casamento mas esta não ocorre. E, numa viagem que Lizzy faz às cidades de Inglaterra, descobre que Bingley não propõe a sua irmã em casamento devido a Darcy não aprovar o casamento destes pois Jane é uma rapariga mal posicionada economicamente. Com esta notícia Lizzy fica em choque e discute com Darcy mas decide não contar nada à irmã.
Darcy, por sua vez, escreve uma carta a Lizzy pedindo-lhe desculpa e dizendo que não compreendia os sentimentos de Bingley por Jane acabando por aprovar o casamento deles.
Elizabeth e Darcy apaixonam-se e ele pede-a em casamento. Esta apercebe-se de que está verdadeiramente apaixonada e aceita.
O título "Orgulho e Preconceito" está bastante presente em toda a narrativa pois Jane é uma rapariga orgulhosa e Darcy um homem cheio de preconceitos.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Planificação das Apresentações Orais do 11º Ano

Obras que iremos ler no 11º Ano:
  • Um Auto de Gil Vicente, de Almeida Garret
  • Eurico o Presbítero, de Alexande Herculano
  • A Queda de um Anjo, de Camilo Castelo Branco
  • A Ilustre Casa de Ramires, de Eça Queiroz
  • O Doido e a Morte, de Raul Brandão
  • A Síbila, de Agustina Bessa Luís
  • A Jangada de Pedra, de José Saramago


1ª Apresentação (Poesia) - Nesta apresentação o objectivo é escolherem dois ou três poemas do mesmo autor e interligá-los
  • Joana Saeed: Luísa Neto Jorge
  • Beatriz Negreiros: Mário Cesariny Vasconcelos
  • Beatriz Silva: Adília Lopes
  • Inês Soares: Nuno Judice
  • Inês Gonçalves: Ruy Cinatti
  • Inês Pereira: António Botto
  • Sofia Serra: António Franco Alexandre
  • Patrícia Pimentel: Miguel Torga
  • André Dinis: João Miguel Fernandes Jorge


2ª Apresentação
  • Joana Saeed: Deseja-se Mulher, de Almada Negreiros
  • Beatriz Negreiros: In Nomine Dei, de José Saramago
  • Beatriz Silva: O Indesejado, de Jorge de Sena
  • Inês Soares: Nunca Nada de Ninguém, de Luísa Costa Gomes
  • Inês Gonçalves: Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente, de Natália Correia
  • Inês Pereira: O Meu Caso, de Jorge Régio
  • Sofia Serra: Trilogia Portuguesa, de Miguel Rovisco
  • Patrícia Pimentel: As Três Cidras do Amor, de Yvette Centeno
  • André Dinis: O Incoberto, de Natália Correia


3ª Apresentação
  • Joana Saeed: O Pequeno Mundo, de Luísa Costa Gomes
  • Beatriz Negreiros: Nome de Guerra, de Almada Negreiros
  • Beatriz Silva: Léah e Outras Histórias, de José Rodrigues Miguéis
  • Inês Soares: O Penitente, de Teixeira de Pascoaes
  • Inês Gonçalves: Contos, de Vergílio Ferreira
  • Inês Pereira: O Ciclo Virtuoso, de Maria Isabel Barreno
  • Sofia Serra: Os Passos em Volta, de Herberto Hélder
  • Patrícia Pimentel: O Físico Prodigioso, de Jorge de Sena
  • André Dinis: As Naus, de António Lobo Antunes


4ª Apresentação
  • Joana Saeed: A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore, de Raul Brandão
  • Beatriz Negreiros: Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno
  • Beatriz Silva: Livro de Crónicas, de António Lobo Antunes
  • Inês Soares: O Mundo à Minha Procura, de Ruben A.
  • Inês Gonçalves: Um Homem Sorri à Morte, de José Rodrigues Miguéis
  • Inês Pereira: Peregrinação Interior, de António Alçada Batista
  • Sofia Serra: Deste Mundo e do Outro, de José Saramago
  • Patrícia Pimentel: Janela Fingida, de Maria Judite de Carvalho
  • André Dinis: A Vida de Nuno Alves Pereira, de Oliveira Martins

Auto da Feira, de Gil Vicente


Esta obra, o Auto da Feira (de Gil Vicente) foi representada ao rei D. João III, na cidade de Lisboa, no Natal de 1526.

É um texto dramático e tem como ponto principal o comércio. As cenas implícitas na obra são um pouco diferentes entre si pois transmitem morais diferentes, porém referem-se todas a trocas comerciais.
O Auto inicia-se com um monólogo de Mercúrio, o deus do comércio. Este faz referência a outros Deuses que se encontram no reino dos céus (Saturno, que representava o tempo; Marte, deus da guerra: Vénus, deusa do amor e da beleza; Júpiter, o pai dos Deuses) assim como a alguns signos do Zodíaco (Touro, Carneiro, Caranguejo, Balança,…).

No final desta cena, Mercúrio ordena que Tempo organize uma feira no dia de Natal, a Feira das Graças em honra da Virgem que nascera em Belém.
Entra Tempo e arma uma tenda com muitas coisas. Esta feira seria um pouco diferente de algumas já realizadas. Não seriam vendidas coisas, mas sim trocadas por outras.
Tempo diz que nesta feira irão encontrar tudo aquilo que precisam, e se for caso disso virtudes.

Inicia-se uma nova cena com a entrada de Serafim, um anjo enviado por Deus a pedido do Tempo. Este pede para que os papas preguem novas vestes, com as dos antigos, as dos antepassados.

“À Feira, à feira, igrejas, mosteiros, pastores das almas, Papas adormidos! Comprai aqui panos, mudai os vestidos, buscai as çamarras dos outros primeiros, os antecessores.”  
O Diabo entra em cena com uma tenda e diz que vai vender “artes de enganar”, “falsas manhas de viver”, ”hipocrisia”.   
Mercúrio avisa o Tempo que Roma está a chegar.
Esta entra em cena cantando.
Procura quem lhe venda Paz, Verdade e Fé, pois não encontra estes valores entre os cristãos.
 “Vejamos se nesta feira, que Mercúrio aqui faz, acharei a vender paz, que me livre da canseira em que a fortuna me traz. Se os meus me desbaratam, o meu socorro onde está Se os Cristãos mesmos me matam, a vida quem m' a dará, que todos me desacatam?”
Diabo diz que lhe vai vender o que ela procura, pois se ela quer descanso é com mentiras para todos que o vai encontrar. Roma não aceita pois já lhe tinha comprado mentiras um vez e não queria mais pois não tinha resultado.
Roma vai ao Anjo e este diz vender o poder profundo de Deus, porém Roma tem que estimar Deus e a sua palavra.
De seguida, entram dois lavradores que estavam a caminho da feira. Eles queixam-se das mulheres que têm em casa. Amâncio queixa-se que a sua mulher é muito brava, enquanto Denis diz que a sua é muito mansa e que quer uma mulher brava.
Após dizerem o que não gostam na sua mulher e o que gostariam de ter numa mulher, decidem trocar de esposas.
Depois entram as duas mulheres (Branca Ares e Marta Dias, a mulher brava e mansa respetivamente) em cena e começam a falar uma para a outra o que não gostam nos seus maridos.
Branca fala na palavra de Deus e o Diabo desaparece, visto que esta é poderosa.
Ao se dirigirem ao Tempo, este propõe-lhes vender Consciência, pois esta é uma feira de virtudes.
Depois entram nove moças e três rapazes que vêm cantando. Eles são a Justina, a Leonarda, a Teodora, a Móneca, a Giralda, a Juliana, a Tesaura, a Merenciana, a Doroteia, o Gilberto, o Nabor e o Dionísio.
Vão sempre mandando os outros falar.
Trazem cesto com comida.
Esta cena é um pouco confusa, porque são muitas personagens.
Depois aparecem dois compradores (Mateus e Vicente).
Falam de trocas de animais, e após conversarem durante algum tempo percebem que a feira da Ribeira é melhor que esta.
Quando se vão embora, o Anjo oferece de novo virtudes às moças mas elas não querem.
Então o Anjo pergunta o que é que elas foram lá fazer. Elas dizem que foram lá pois aquela era a Feira de Nossa Senhora, e era esse apenas o motivo que as lá levava. Não queriam virtudes porque essas não traziam pão.
Todos saiem de cena a cantar em honra da Virgem.
Podemos concluir que este texto dramático é um debate de ideias suscitado pela crise da Igreja do Séc. XVI e é uma luta entre o bem e o mal.
Conseguimos relacionar esta obra com algum Autos de Gil Vicente (como o Auto da Barca do Inferno e o Auto da Alma), pois são todas obras compostas por personagens alegóricas que têm o objetivo de representar um dado cargo, estatuto ou transmitir ideias de um conceito.

Aparição, de Vergílio Ferreira


Alberto Soares é o protagonista da história deste livro.

Este durante uma noite, enquanto a sua mulher dorme, começa a refletir sobre a sua vida. Esta obra é um retrato da sua vida e da sua reflexão.

Ele fala-nos sua estadia em Évora e como nesse período de tempo (um ano letivo) ficou a lecionar nessa terra e conheceu pessoas com quem discutiu e aprofundou as suas teorias relacionadas com a existência, a procura da sua pessoa e da sua aparição.

Criou também uma relação com uma mulher, Sofia, com quem teve durante algum tempo um relacionamento. Criou uma relação amor-ódio com Ana, a irmã de Sofia. Ambos discutiam acerca das teorias existenciais do autor e ela desvalorizava e valorizava em simultâneo a lógica deste.

Ao longo do livro temos dificuldade em saber se Ana gosta ou não gosta de Alberto visto estar constantemente a convidá-lo para que a acompanhe e, ao mesmo tempo, contra as suas ideias. No livro, o próprio Alberto questiona-se a si próprio se certos personagens, como Ana, estão a favor ou contra ele. Existe ainda outra personagem, também irmã de Sofia, que é Cristina. É uma criança excecional, tocava piano de forma magnífica, algo que acalmava Alberto.

Ao longo do livro entramos ainda numa 2ª analepse, sendo que a primeira era a recordação dos tempos vividos em Évora, onde o autor se recorda de um passado ainda mais distante. Esse passado, normalmente relacionado com a família, relata-nos o que o levou a ter estas teorias filosóficas, sendo as mais importantes a morte do pai e do seu cão. Recorda-se das tardes e das férias passadas com a família.

Existem várias outras mortes de personagens, tendo todas uma simbologia: o Bailote comete suicídio por ter perdido a fonte do seu rendimento, sendo que a sua existência perde todo o sentido; Cristina morre pois é perfeita demais para viver neste mundo; Sofia morre como punição de todo o mal que tivera feito aos outros; Bexiguinha e Ana não conseguiram igualar os seus seres e desistiram, o que se pode considerar uma morte psicológica.

O termo "aparição" significa exatamente a revelação instantânea de si a si próprio.

Alberto e o único filho solteiro do Dr. Álvaro Soares, médico e lavrador, e de D.Susana. Tem dois irmãos: Tomás, engenheiro agrónomo e lavrador, casado com Isaura, tem dez filhos e é o preferido do pai; Evaristo, o preferido da mãe, é o mais novo, tem o curso geral dos liceus, é casado com Júlia, filha de um industrial rico, e tem um filho. Nasceu na Serra da Estrela. Vive uma infância em comunhão com a Natureza.

É na montanha que Alberto encontra a proteção que o une à figura paterna, sobrepondo a presença serrana à fragilidade da forma humana. Após a morte do pai ele abandona a serra e passa a viver na cidade.

Évora representa para ele a materialização do seu conflito interior e o drama de existir.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

“Gente Feliz com Lágrimas”, de João de Melo


É um romance que retrata a vida de uma família paupérrima e açoreana. Passa-se na época salazarista em que os valores tradicionais e católicos são a pauta de todos os portugueses. Trata-se de uma família que devido à sua pobreza, acaba por enviar dois filhos (um rapaz e uma rapariga) para o continente, um a estudar padre e outra para freira.
É constantemente descrita a miséria e as doenças associadas àquela época na maioria das famílias, assim como o retratar de uma época sem contraceção e em que os filhos nasciam e morriam com a maior das facilidades.
O livro retrata os sentimentos com muito pormenor, a fome, a pobreza, a falta de higiene, a agressividade, o amor e o medo de o expressar. Os sentimentos e os locais são descritos com tal precisão, que nos sentimos no local e sentimos que o que o autor nos pretende fazer sentir.
É focado o sentimento de revolta pela pobreza e o que isso implica, nomeadamente o facto de dois dos elementos da família (muito jovens) terem de ir para o seminário e para um convento. Mais tarde, o elemento masculino, acaba por renegar ao sacerdócio e perceber o quão hipócrita é a religião, questionando todos os seus princípios, apesar de mais tarde voltar a querer ingressar no seminário, revelando as permanentes dúvidas.
Este livro analisa com grande emoção os sentimentos nas relações familiares, família nuclear e mais próxima. Fala-nos dos encontros e desencontros entre gerações, sempre com um discurso agressivo e até grotesco próprio da pobreza salazarista da época.
É analisada da vida e a morte com todo o luto desnudado, passando pelos ódios e os egoísmos das heranças.
“Gente feliz com lágrimas”, tal como o nome diz reflete o sofrimento para conseguir alcançar a felicidade que é sempre tão relativa e pessoal.