Escrevendo alguns livros de sua autoria e traduzindo obras já existentes ganhou, entre outros, o Prémio Camões (1999), o Prémio de Poesia Max Jacob (2001) e o Prémio de Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana (2003).
A sua obra poética que eu li foi Ilhas. Esta obra está dividida em 4 grupos. No primeiro grupo encontramos os poemas reencontrados, que pensam-se ser poemas que Sophia escrevera, quando fora mais nova. O segundo grupo baseia-se em poemas intitulados como Tempo, Canção, Veneza, Barcelona, entre outros. Os Navegadores, os descobrimentos, as cartas e um dedicatória são, principalmente, a base do grupo três. Poemas como Poema, Casas, Escrita, Guitarra e algumas cartas trocadas em Sophia e alguns amigos, fazem parte do quarto grupo.
Quase no final do livro encontramos uma NOTA que nos fala sobre esta obra, indicando os Prémios que lhe fora atribuídos, as normas ortográficas e todas as informações que sejam necessários sobre a impressão e data desta mesma obra.
Numa página anterior a esta encontramos um texto intitulado por ARTE POÉTICA V. Esta texto fala-nos no primeiro contacto que Sophia de Mello teve com os poemas e da ideia que ela tinha sobre a poesia, ou seja, que esta não pederia existir sem o silêncio. Como forma de começar a leitura desta obra, abri o livro na página 22 onde li o poema que lá se encontrava. Foi uma boa forma de começar a leitura desta obra poética:
“Seu rosto seria a cintilante claridade
De uma praiaE em sua humana carne brilharia
A luz sem mancha do primeiro dia”
Como em todas as obras deste tipo de escrita, à primeira análise existem poemas que não nos transmitem nada e que parecem não ter sentido. Mas ao relermos e voltarmos a reler tudo ganha um significado.
Como já referi, existem textos nesta obra que se baseiam em cartas e dedicatórias, entre elas umas cartas trocadas entre Sophia e Jorge de Sena. Nesta carta destaco as seguintes passagens:
“É agora que chega a notícia que morreste
E algo se desloca em nossa vida” “E agora chega a notícia que morreste
A morte vem como nenhuma carta”“Diz-se que para que um segredo não nos devore é preciso dizê-lo em voz alta no sol de um terraço ou de um pátio. Essa é a missão do poeta: trazer para a luz e para o exterior o medo.”
Original mas no fundo verdadeiro, o “Fragmento de “Os Gracos”” foi um dos textos que eu mais gostei:
“Os Ricos nunca perdem a jogada
Nunca fazem um erro. EspiamE esperam os erros dos outros
Administram os erros dos outros
São hábeis e sábios
Têm uma longa experiência do poder
E quando não podem usara própria força
Usam a fraqueza dos outros Apostam na fraqueza dos outros
E ganham
Tecem uma grande rede de estratagemas
Uma grande armadilha invisível
E devagar desviam o inimigo para o seu terreno
Para sacrificar como um toiro na arena”